Segundo Olesen, 1979, o ensino baseado em competências (competency-based Education) é um conceito que existe há várias décadas e que tem a dua origem nos EUA.
Na década de 60 era designado formação de docentes, baseada no desempenho (performance based teacher education).
Durante esses anos, o ensino baseado em competências caracterizava-se pelas suas análises pormenorizadas dos aspetos comportamentais das tarefas profissionais. Competência é definida como uma característica subjacente de um indivíduo relacionada de forma causal com um desempenho eficaz ou superior numa atividade profissional (Boyatzis, 1982). As tarefas dos profissionais foram descritas em listas pormenorizadas de fragmentos e elementos passíveis de avaliação. Barnett (1994) afirma que as competências descritas desta forma mais comportamental não podem fornecer linhas de orientação para um currículo de ensino devido ao nível de descrição pormenorizado. O conceito que Grant et al. (1979) estudaram nas décadas de 60 e 70 é diferente da atual abordagem predominante na Europa relativamente à competência. Neste continente está a ser utilizada uma abordagem mais holística das competências (Eraut, 1994; Biemans et al., 2004). Nesta abordagem, a competência é definida da seguinte forma: “competência é a capacidade integrada orientada para o desempenho de uma pessoa ou de uma organização tendo em vista a consecução de realizações específicas” (Mulder, 2001, p. 76). A competência incide num aspeto do comportamento; incide na capacidade integrada de uma pessoa e conduz a uma capacitação para realizar determinadas tarefas. Competente é a pessoa que dispõe de uma determinada capacidade técnica (proficiency). Quando uma pessoa desenvolveu todas as competências necessárias para a execução de um determinado trabalho, ele ou ela obtém uma qualificação. Esta descrição de competência está baseada nas principais abordagens predominantes e não sugere que não possa haver outras abordagens. Tanto nos EUA como na Europa é possível reconhecer abordagens comportamentais holísticas.
Na abordagem holística de competência, a aprendizagem é vista de uma perspetiva
social construtivista. O pressuposto de base para esta abordagem psicológica
originalmente social é o de que o ser humano constrói a sua realidade (social)
através da interação com outros (Simons, 2000). O construtivismo teve a sua
origem na insatisfação relativamente às teorias do conhecimento na tradição da
filosofia ocidental. O pressuposto principal do construtivismo é o de que
conhecimento e aptidões não são produtos que possam ser transferidos de uma
pessoa para outra.
Conhecimento e aptidões resultam das atividades de aprendizagem de quem
aprende (Glaser, 1991).
O construtivismo conhece diferentes abordagens, desde
uma abordagem radical individualista a uma abordagem construtivista mais
social. A abordagem construtivista social influencia em especial os pensamentos
acerca da aprendizagem baseada nas competências. Numa visão (social) mais
construtivista da aprendizagem, são os indivíduos que constroem a sua própria
verdade e conhecimento. A construção do conhecimento ocorre sobretudo num
contexto social, pelo que um grupo de pessoas constrói a sua própria verdade ou
realidade social. Assim, a aprendizagem deve deixar de ser vista como um
fenómeno de estímulo-resposta. A aprendizagem exige auto-regulação e a criação
de estruturas conceptuais através de reflexão e abstração (Von Glasersfeld,
1995).
Revista
Europeia de Formação Profissional Nº 40 – 2007/1 p. 44
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